A minha história de amamentação


A minha história de amamentação começou ainda no primeiro filho, que não mamou a não ser uma semana. Ao fim de uma semana, cedi e coloquei-o a LA dado por biberão.

Quando engravidei deste último bebé, decidi que iria ser diferente. Iria mamar em exclusivo até aos seis meses de idade, e após isso mamaria até querer. Fosse um ano, fossem dois, fossem três; mas idealmente, pelo menos até aos dois anos (idade antes da qual a OMS define que é um desmame precoce).

Porém, como em tudo isto da gravidez e do maternar, pouco ou nada é exactamente como planeado…

O meu filho nasceu num lindo VBAC, teve golden hour, breast crawl, pele com pele imediato (salvo os minutos em que esteve a ser reanimado), e peito completamente à disposição. Eu estava disposta a amamentar!

Desde o início, ele chorava muito. Mas os bebés choram por muitas razões, não é?… Só que era um choro contínuo, não sossegava, por muito que estivesse ao peito. E estava sempre ao peito! Aliás, esta é uma das regras de ouro da livre demanda, levar o bebé ao peito sempre que quiser. Sem horários, regras definidas, chuchas nem biberões. Estivemos assim três semanas, e ele nunca mais arrancava no crescimento. Sempre abaixo do percentil 3.

Eu estive sempre em contacto com a minha doula, e com duas conselheiras de amamentação, que me acompanharam à distância 24h por dia. Fazíamos vídeo-chamadas, trocávamos whatsapps, davam-me dicas.

Mas mesmo assim o bebé não só não aumentava de peso como começou a perder. Entretanto, eu já estava a ser acompanhada por uma IBCLC em Faro, e chorei imenso quando ela me confirmou que teria de introduzir LA. Era tudo o que eu não queria. Estava fixada em querer amamentar em exclusivo; era o importante para mim. Infelizmente, não foi possível e hoje agradeço o facto de ter cedido, mesmo com toda a dor que isso me trouxe. O meu filho estava finalmente a ser devidamente alimentado!

Continuei a ser acompanhada pela Dra. Cristina até aos seis meses do meu filho.

Vim a descobrir que passei por um quadro real de baixa produção de leite, devido a um peito hipoplásico, e devido também a questões hormonais durante a gravidez. Juntando a isso níveis grandes de stress, de ansiedade, e de uma depressão pós-parto originada pela dificuldade de amamentação, vivi um autêntico carrossel de emoções. E tudo isto prejudicou não apenas a produção de leite, como também o reflexo de ejecção. O pouco leite que eu tinha, não conseguia sair em condições.

Como resolvi?

Com uma sonda de alimentação. Colocada ao peito, o meu filho mamava o meu leite ao mesmo tempo que mamava o suplemento. E posso dizer que aos 3 meses de idade dele, consegui reduzir a dose de suplemento, e isso para mim foi uma vitória incrível. E decidi que iria fazer desta minha dor, de não ser fisicamente possível amamentar em exclusivo, uma ferramenta para me superar. Se ao início olhava para a sonda de alimentação com raiva, por me lembrar a deficiência do meu peito, aos poucos passei a olhar para ela com compaixão e agradecimento: ela permitia-me alimentar o meu filho. Tive de ceder ao biberão, pois a dinâmica de amamentar com sonda é muito cansativa (pelo menos para mim, com um filho mais velho e a passar pela depressão pós-parto, foi).

E percebi que não adiantava ser tão dura comigo própria: amamentar deve ser um acto de prazer para a díade mãe-bebé, e nestas situações, “mais vale um biberão de amor do que uma mama de dor”.

Partilhei a minha história em alguns locais, tanto por escrito (como aqui ou aqui) como por directo do instagram (podes ver aqui). Assim, nasceu em mim a vontade fortíssima de mostrar a tantas e tantas mulheres que querem amamentar e não conseguem que: dói, sim, mas é possível ressignificar!

Há alguns sinais de alerta a que devemos prestar atenção, sim. Se formos bem acompanhadas, porém, podemos encontrar alternativas. E é nisso que quero ajudar.

Amamentei o máximo que pude, nas condições que tive, e hoje sinto-me orgulhosa. E aprendi que amamentar é muito bom, é importante para o bebé: mas não pode vir às custas da saúde mental da mãe!

Vamos a isso?

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